14 julho, 2008

Camping

Sexta tive uma recordação muito boa da minha infância. Os motivos que me levaram a tê-las não foram nada agradáveis... um amigo nosso faleceu, pai de uma das minhas melhores amigas e um homem muito bom. Seu velório foi no interior da cidade, quase divisa com Flores da Cunha. E aquele era o caminho para o nosso refúgio de férias, o camping do Recreio Guarany.
Ao passar na frente vi o lago, o lugar onde acampávamos, a piscina, a lancheria. Tive saudade, fiquei feliz e triste. Era um lugar muito especial para mim, lá eu fui feliz, fui criança, brinquei, aprendi muito, me machuquei, chorei, recebi minha primeira proposta de namoro (aos 7 anos) e dei meu primeiro fora, nadei, peguei sol, fiz amigos.
Nas férias de verão e inverno praticamente nos mudávamos para lá. Os dois meses de férias da escola eram passados em Flores da Cunha. Minha mãe que é profe e também tinha dois meses de férias ficava lá e meu pai vinha para casa durante a semana e voltava nos findis.
Tenho fotos de quando era bebê e já acampando. Primeiro de barraca, no topo do morro. Depois o negócio evoluiu e compramos um trailer. Ele nem era levado para casa. Ficava lá o ano inteiro, tinha lugar cativo. Era a diversão dos amigos nos dias de chuva, dava para jogar cartas, e ver tv (se bem que os outros campistas tinham muito mais mordomias em suas barracas, com salas de jogos, videogame, cozinhas feitas de lona).
Era uma verdadeira família. Todo mundo era amigo, todo mundo se conhecia. Lá eu ficava solta, sem medo, nem minha mãe se preocupava. Podíamos ficar até meia-noite (hora bastante avançada para meus 8, 9 anos).
Esses dias vi uma fita de VHS que tinha um ano-novo que passamos lá. O pessoal fez uma janta no salão de jogos do clube, cada um levou sua mesa (todos os campistas têm mesas de abrir), um prato de comida e foi feito um bufê.
Saudade, nostalgia, sentimento de perda, mas de uma coisa muito boa que ficou da minha infância. Infelizmente eu cresci e não quis mais ir para o camping. Preferia ficar em casa com minhas amigas. O trailer foi vendido, compramos um motor-home que nos rendeu ótimas viagens também, mas longe daquele lugar tranqüilo, de paz, de calma. Nosso lar de férias.

2 comentários:

Adele Corners disse...

Nossa, que coisa mais comunitária, de pé xujo! hahahahahahhaahhaha

Bjs

Karina disse...

Acampar é bom d+...durante os três primeiros dias, depois já fico com saudade do meu chuveiro de água quente e da minha cama...hahaha.
Sinto pela sua perda, mas tudo o que vc escreveu é a prova de que tudo que vai não só leva uma parte da gente, como deixa um pedacinho dentro de nós.
Bjinhos