08 abril, 2009

Páscoa

A Páscoa esta chegando e isso me lembra um fato muito marcante da infância. Não eram os ovos de chocolate, nem as comemorações em família, nem a parte religiosa da data. Mas sim o tal coelhinho.
Tinha uns 8 ou 9 anos quando minha família ganhou um coelho igual ao da música (de olhos vermelhos e pelo branquinho). Na época minha casa tinha um pátio bem grande fechado, com grama e árvores. Era lá que tínhamos nossa cadela e foi lá que fizemos a casinha para o bicho. Ele comia muito e ficava cada dia mais gordo. Eu pensava que este tipo de bicho era incapaz de um convívio “social”. Que ficava no seu canto comendo, roendo e cavando, sem interação. Ficamos com medo que nossa cadela (Xana) atacasse o bicho, tentasse mordê-lo e deixamos ela presa alguns dias. Como tinha medo de cachorros eu dificilmente ia no pátio, muito menos sozinha, então não ficava muito perto do coelho. Com o tempo meus pais foram deixando a Xana chegar perto do coelho, cheirá-lo, is se acostumando. Mas eram sempre visitas supervisionadas.
Eu gostava de ir lá e tentar pegar o coelho para fazer carinho, coisa bastante difícil pois ele era mais na dele, gostava de sua solidão e sua comida (nunca vi bicho mais guloso).
Mas um dia meu pai arriscou e soltou a Xana e o coelho na grama e assistimos a uma cena muito surpreendente. Eles não apenas se tornaram grandes amigos como brincavam o tempo todo. Era uma imagem incrível, ver dois bichos de tamanhos e comportamentos tão diferentes brincando de se pegar. O coelho saltitava até a cadela, que ficava abaixada pronta para dar o bote. Quando ele chegava até ela ia rapidamente para outro canto da grama e ela ia feliz da vida atrás.
Por muitos finais de semana nosso passatempo foi ver os dois brincando. Sem se preocuparem com diferenças eles se tornaram grandes amigos.
Infelizmente a alegria terminou. O coelho fez um “plano de fuga”. Mesmo tendo comida, regalias e amigos ele queria mais, queria a liberdade. Roeu o fundo da casinha e foi cavando a terra até conseguir fazer um buraco por baixo do muro. Devem ter sido dias de trabalho, mas nós nem reparamos. Ele fugiu para o mato e pelo que sabemos depois virou um assado. (Ai me questiono como as pessoas podem comer coelhos, essas criaturas tão bonitas e meigas).
A cadela notou a ausência e ficou muito tempo cercando a casinha, esperando que ele voltasse. Anos depois ela também morreu devido a uma picada de cobra no mato que ela adorava brincar do lado da nossa casa. (Muito triste ver um bichinho da gente morrer).
Até parece que faz muito tempo e que sou muito velha. Mas realmente parece que passaram muuuuitos anos e garanto que fazem menos que 20.
Mas naquele tempo a gente deixava os cachorros soltos, sem se preocupar que alguém poderia matá-lo ou que roubassem. Tínhamos cercas para que os bichos não fossem para o mato e não por medo de ladrões. As janelas e portas ficavam abertas todo o final de semana, os muros eram baixos e pular a cerca era um jeito de chegar mais rápido na casa do amigo e não invasão de propriedade.

3 comentários:

Adele Corners disse...

A Lassieeeeeeeeeee!!!!

Tb me pergunto como podem comer coelhos...

Mel disse...

Ai, amei essa tua foto! Que fofura que tu era quando pequena... tudo bem que tu não cresceu muuuuuito mais, huahuahuahuha! Enfim...

Beijos!!!

Paulo disse...

Também amei a foto!
E o final do seu post me deixou nostálgico, lembrando da época em que dormíamos com a janela aberta, só com a tela pra não entrar pernilongos.

E não, não faz tanto tempo assim.

Beijos!